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Dieta Líquida

Trocar alimentos sólidos por líquidos: a ideia parece maluca, mas muitas pessoas decidem adotá-la para emagrecer. Seja trocando refeições por shakes, sucos de frutas e verduras ou sopas, a dieta líquida é real e bastante adotada pelas mulheres.

No entanto, as desvantagens são muitas: “além de não apresentar respaldo científico, seguir uma dieta restrita como essa pode ocasionar hipoglicemia e perda de massa muscular”, aponta Andrea Pereira, médica nutróloga nos Ambulatórios de Obesidade, Síndrome Metabólica e Cirurgia Bariátrica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).Não é à toa que essa dieta ficou em último lugar entre as 16 avaliadas pelo Ranking de Dietas do UOL VivaBem. Saiba mais sobre ela: Como a dieta funciona Programas alimentares compostos por alimentos líquidos são chamados de dieta líquida. As mais conhecidas são as baseadas em shakes e sopas que atuam como substitutos das refeições. Existe também uma variação à base de sucos de frutas e vegetais. Nesses casos, a indicação é consumir de 4 a 8 doses de suco (que podem ser industrializados ou não) pelo prazo de 3 até 7 dias. Além de emagrecer, a promessa é também fazer uma espécie de desintoxicação no fígado, melhorar a pele e o humor. Alguns alimentos sólidos são admissíveis. Há ainda versões que indicam a substituição de até 4 refeições diárias, perfazendo um consumo mínimo de 800 kcal por dia, ditos suficientes para você perder de 3 kg a 5 kg em uma única semana. Para fins médicos, a dieta líquida pode ser utilizada como uma forma de favorecer a eliminação de líquidos no corpo e em casos cirúrgicos –como nos primeiros momentos após uma cirurgia bariátrica. A teoria por trás desse regime é que ele se fundamenta na restrição de ingestão energética, ou seja, você “come” menos do que deveria para atender às suas necessidades diárias. O que a ciência diz sobre ela A dieta líquida é considerada muito restritiva e, até o momento, não existem evidências científicas de seus benefícios para o controle do peso ou mesmo para a eliminação de toxinas. Este é o resultado de um estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade Macquarie e do Instituto de Saúde Cardíaca, ambos de Sydney (Austrália). O trabalho revisou a literatura médica sobre o assunto e foi publicado na revista Journal of Human Nutrition and Dietetics. Uma das explicações para esses resultados é que as pessoas têm necessidade de variar a dieta, experimentando diferentes texturas de alimentos que levam à saciedade. Como o plano à base de líquidos é muito monótono, observam-se altos índices de desistência. Além disso, a prática pode levar à deficiência de proteína, vitaminas e minerais importantes para o funcionamento normal do seu organismo, especialmente quando realizada em longo prazo. Confira os possíveis efeitos colaterais:

  • Cólica

  • Flatulência

  • Náusea

  • Diarreia

  • Desidratação

  • Aumento ou queda de pressão

  • Hipoglicemia (baixa taxa de açúcar no sangue)

Quem deve evitá-la Embora possa parecer inofensivo adotar uma dieta líquida por poucos dias, pessoas nas seguintes condições devem evitá-la:

  • Grávidas e lactantes

  • Crianças

  • Idosos

  • Pessoas com diabetes ou problemas renais

Faz perder peso? A maioria das pessoas consegue a perda rápida de peso, mas esse resultado tem prazo de validade. E o pior, pode levar ao efeito sanfona. Há mais de 5 anos, um post publicado no blog da Escola de Medicina de Harvard já advertia que os quilos a menos, nesses casos, eram mera consequência da perda de líquidos. Além disso, enfatizava que a ingestão de menos do que 1.200 kcal ao dia, na verdade, afeta o metabolismo de tal maneira que a resposta do corpo é a imediata recuperação de peso, tão logo se retorne à dieta normal, com o possível ganho de quilos a mais durante esse processo. Os especialistas consultados são unânimes quanto ao fato de que é preciso ter em mente que não existe solução milagrosa nem fórmula mágica. Perder peso requer paciência, persistência e dedicação, sem falar da necessidade do aprendizado de dar mais atenção ao que se ingere diariamente. Um plano alimentar que não promova uma mudança de hábitos, nem incentive a prática de atividade física não pode ser considerado como um projeto saudável de perda ou manutenção do peso. Todo esquema sério de emagrecimento considera as suas necessidades individuais, o seu estilo de vida, bem como suas preferências à mesa. A dieta líquida, por ser tão restritiva, pode gerar deficiências que prejudicariam o resultado que você espera, especialmente ao longo do tempo. Além disso, quando esse regime alimentar é colocado em prática com a ajuda de shakes ou sopas industrializadas, há ainda o risco do aumento das taxas de colesterol, porque tais produtos podem ter em sua composição gordura vegetal hidrogenada, um ingrediente que ajuda a dar-lhes consistência. Some-se a isso a adição de corantes, adoçantes e conservantes, muitas vezes artificiais. Segundo os médicos e nutricionistas, de nada adianta fazer temporariamente uma dieta que faz perder peso, o que eles consideram até fácil por todos os motivos já mencionados. Mas advertem que o grande desafio de quem quer emagrecer é manter o peso perdido. E a única alternativa válida, para esse fim, é investir na mudança de hábitos. Quando ela se incorpora ao seu dia a dia, você pode confiar que a chance de sucesso definitivo é muito grande. Veja o que considerar antes de começar a fazer uma dieta:

  • Procure um médico ou nutricionista. Só um profissional pode avaliar seu perfil físico e mental, solicitar exames e verificar se, no seu caso, será necessário o uso concomitante de medicamentos ou outros tratamentos;

  • Desconfie de dietas que prometem a perda de mais de 1 kg por semana, comer tudo o que você gosta ou emagrecimento de área específica do seu corpo;

  • Observe se o regime possui uma estratégia para a manutenção do peso em longo prazo;

  • Fuja de planos muito restritivos ou que não se encaixem no seu estilo de vida;

  • Evite esquemas que cortam a maioria dos nutrientes que você precisa diariamente, e ainda proíbam o consumo de alimentos que você aprecie;

  • Verifique se há o encorajamento para a prática de atividade física;

  • Considere se é mesmo necessário investir na compra de produtos que prometam facilitar o seu emagrecimento.


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