A demência é um problema mundial, sendo considerada uma condição maligna e devastadora, ocasionando dependência e morte. Essa síndrome acarreta declínio da memória, perda de uma ou mais funções cognitivas (linguagem, visão espacial ou funções motoras), distúrbios comportamentais e psiquiátricos, entre outros.
A demência é um problema mundial, sendo considerada uma condição maligna e devastadora, ocasionando dependência e morte. Essa síndrome acarreta declínio da memória, perda de uma ou mais funções cognitivas (linguagem, visão espacial ou funções motoras), distúrbios comportamentais e psiquiátricos, entre outros.
Suas principais causas são a Doença de Alzheimer e Patologias Cerebrovasculares. Como fator de risco para essa condição temos: idade, baixo nível educacional, traumas em região da cabeça, doenças, etc. (Weuve et al. J Alz Assoc 2014; McKhann et al. J Alzh Assoc 2011; Feldmann et al. CMAJ 2008).
A demência causa alto grau de sofrimento para o paciente, família e sociedade. Para o paciente, além de todo esse sofrimento, há um aumento progressivo da ansiedade, depressão e dependência. E, em termos de saúde pública é um custo enorme.
Considerando os aspectos nutricionais da doença, é observada uma perda de peso, que se inicia antes do diagnóstico e que progride ao longo da evolução da doença. Além da dificuldade motora em se alimentar, há alterações de olfato, paladar e perda de apetite (Volker et al. Clin Nutrition 2015:1-22).
Essa perda de peso, que ocorre em uma maior proporção na massa muscular, aumenta as condições de fragilidade e perda das funções motoras, aumentando o risco de mortalidade (Volker et al. Clin Nutrition 2015:1-22).
Em 2010 e 2006, tivemos uma publicação relevante sobre o tema, abordando aspectos religiosos, bioéticos, jurídicos e nutricionais. Nesse estudo, do ponto de vista religioso, tanto judeus ortodoxos quanto católicos, não eram favoráveis ao uso das dietas enterais* e parenterais**, como causa de sofrimento sem um aumento na sobrevida. Nutricionalmente, os estudos já mostravam que a gastrostomia para dieta enteral não trazia benefícios. E, finalmente, do ponto de vista moral, bioético e jurídico, não havia justificativa para o uso de dieta artificial nesses indivíduos (Gillik et al.N Eng J 2000; 342:206-10; Korner et al.Clin Nutrition 2006; 25:196-200).
Devido à importância da intervenção nutricional nesses pacientes, a Sociedade Européia de Nutrição Enteral e Parenteral, publicou uma guideline de conduta de alimentação para demência em 2015. E, baseado em estudos científicos, contraindicou o uso de dieta enteral e parenteral em pacientes com demência grave. Mesmo a passagem de gastrostomia, não mostrou nenhum benefício nesses pacientes (Volker et al. Clin Nutrition 2015:1-22).
Concluindo, baseando-se em toda a evidência científica, a alimentação de escolha para esses pacientes, deve ser a oral. Em demências em estágios iniciais, podemos discutir o uso de dieta enteral e parenteral, porém nos estágios avançados essa não deveria ser uma prática usual, porque não traz benefícios ao paciente, mas apenas sofrimento.
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Dra. Andréa Pereira
Doutorado pela UNIFESP.
Instrutora Adjunta da Pennington Biomedical Research Center-LSU.
Médica Nutróloga da Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein.
Médica Nutróloga da Obesidade e Cirurgia Bariátrica da UNIFESP.
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Glossário
*Nutrição Enteral – é aquela que não utiliza a via oral normal para a entrada dos alimentos. Esta se faz por meio de sondas introduzidas diretamente no estômago ou no intestino do paciente.
**Nutrição Parenteral – é a alimentação que fornece todos os nutrientes necessários ao paciente por via venosa.
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