Tratamento de obesidade reduz risco de câncer
- Dra.Andrea Pereira
- há 5 dias
- 2 min de leitura
Atualizado: há 4 dias
Paloma Oliveto - 13 de maio de 2025
Correio Braziliense
Nessa semana, dei uma entrevista sobre um estudo científico que demonstrou a redução do risco de câncer ao tratarmos obesidade. Esse estudo comparou o tratamento clínico, com medicação injetável, e a cirurgia bariátrica para pessoas com obesidade e, em ambos temos uma redução do risco de câncer.
A obesidade está associada a pelo menos 13 tipos de câncer, por isso, o tratamento dela é essencial para prevenir. Atualmente, os medicamentos mais modernos e efetivos para perda de peso são o Wegovy e o Mounjaro, ambos injetáveis.

Originalmente desenvolvidas para tratamento da diabetes tipo 2 e da obesidade, as “canetinhas emagrecedoras” foram associadas a uma incidência mais baixa de alguns tipos de câncer, como mama pósmenopausa, colorretal e de útero, previamente relacionados ao excesso de gordura corporal. Um estudo apresentado no Congresso Europeu sobre Obesidade (ECO) em Málaga, na Espanha, mostrou que, em comparação à cirurgia bariátrica, a redução de risco foi de 41%. A pesquisa também foi publicada na revista e Clinical Medicine, do grupo The Lancet. Segundo a Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer, a diabetes 2 e a obesidade estão associadas a 13 tumores oncológicos, incluindo de esôfago, ovário, pâncreas, rim e vesícula biliar. Anteriormente, já foi demonstrado em estudos que a cirurgia bariátrica pode reduzir esse risco, mas até agora, não se sabia se o tratamento com as drogas agonistas do receptor GLP-1, como a semaglutida, liraglutida e a tirzepatida, teriam o mesmo potencial. Os pesquisadores, liderados pelo serviço de saúde pública e semiprivada Clalit de Tel-Aviv, em Israel, resolveram investigar se a intervenção farmacêutica, além de reduzir o índice de massa corporal (IMC), tem impacto sobre a incidência de cânceres associados à obesidade. Eles usaram dados de 6.356 participantes com IMC médio de 41,5 (obesidade grau III) e diabetes tipo 2, mas sem histórico de câncer. Metade dos pacientes foi tratada com drogas GLP-1 de primeira geração, e o restante foi submetido à cirurgia bariátrica entre 2010 e 2018.
Todos foram acompanhados até dezembro de 2023 para um diagnóstico de câncer associado à obesidade. Em nota, a coautora Yael Wolff Sagy disse que a incidência da doença foi semelhante entre os pacientes tratados com os GLP-1 e a cirurgia bariátrica ao longo do acompanhamento. Porém, considerando que, para obter o mesmo efeito protetivo, os pacientes do procedimento invasivo precisaram perder o dobro do peso, os pesquisadores encontraram mais eficácia nos medicamentos. “A cirurgia tem uma vantagem relativa de maximizar a perda de peso. A contabilização dessa vantagem revelou que o efeito direto dos GLP-1, além do emagrecimento, é uma eficácia 41% maior na prevenção do câncer relacionado à obesidade.” Os autores destacam que o estudo foi observacional, ou seja, não se pesquisou a relação de causa e efeito. Já são conhecidos alguns fatores da obesidade diretamente associados ao risco de câncer, como aumento da insulina, alteração da flora intestinal e nos hormônios sexuais, além de inflamação, destaca Andrea Pereira, médica nutróloga e cofundadora da ONG Obesidade Brasil. “O controle da obesidade reduz o risco de câncer, e o estudo demonstra que o tratamento clínico é tão eficaz como a cirurgia bariátrica”, diz
Comments